O apogeu do diálogo, do respeito pelos sindicatos e do poder de compra foi atingido na III República, com o socialista António Guterres.
A seguir começou o declínio:
1) A coligação PSD-PP, liderada por Durão Barroso, exigiu sacrifícios à Função Pública. Pareceu um exagero o congelamento salarial. Nem que aumentassem 0,5%, isso significava algum respeito pelas pessoas.
Inacreditavelmente, arranjaram dinheiro para entrar na bárbara guerra colonial de George W Bush, de genocídio, de arrasamento de cidades, de Tortura e saque de petróleo, e logo contra a ONU, contra a França e contra a Alemanha (países que nos ajudaram a combater os fogos florestais em 2005…).
Pôs Portugal cada vez pior.
2) A seguir saiu Durão Barroso para fazer uma boa carreira pessoal e Santana Lopes assumiu a liderança da mesma coligação.
Teve o grande mérito de sair, totalmente, da guerra do Iraque.
Mas Santana Lopes fez Censura indirecta, através de pressões muito eficazes, a um destacado elemento do PSD, considerado um livre-pensador. Aqui foi longe demais e assinou a sua sentença de derrota política.
O Parlamento pouco depois foi dissolvido e Santana Lopes teve uma pesada derrota nas eleições. Se tivesse sido um erro a dissolução do Parlamento, Santana Lopes teria ganho as eleições.
Quanto à Função Pública Santana Lopes manifestou algum respeito e consideração.
3) O PS, com José Sócrates, conseguiu a sua primeira maioria absoluta, essencialmente à custa da ala esquerda do PSD.
Os portugueses bem desejavam que Santana Lopes, ao menos, tivesse conseguido manter o défice abaixo dos 3%...
Vítor Constâncio anunciou um défice próximo dos 7%.
Ora este défice alto serviu de pretexto a desastradas medidas contra a Função Pública, muito mais à Direita que as medidas de Durão Barroso e o respeito pela Função Pública de Santana Lopes, foi substituído pelo desprezo de José Sócrates… e dos seus conselheiros e conselheiras que nem sequer sabem o que estão a fazer à frente de Ministérios e de Secretarias de Estado… a não ser exercerem um poder sádico…
Fazer mal às pessoas, desconsiderá-las, parece ser o critério número um…
Toda a gente sabe que havia medidas desagradáveis necessárias, mas houve medidas de pormenor, que nada têm a ver com o combate ao défice, mas tem a ver com o desejo autocrático e anti-socialista de criar desconforto e sofrimento às pessoas para as desmoralizar. Há medidas de carácter, exclusivamente punitivo, nada mais.