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Anti-Direita Portuguesa

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LIVRE-PENSADORA

quarta-feira, junho 07, 2006

  • TEMPO DE FUTEBOL E DE LAZER

    Os gregos vieram a Portugal estragar-nos a festa no Campeonato Europeu de 2004.
    Ganharam o campeonato, Portugal perdeu em casa.
    Ora esses indivíduos são descendentes dos fundadores dos Jogos Olímpicos, que os tais romanos tanto apreciaram. Quando os romanos não eram só os habitantes da antiga cidade-estado de Roma e eram também os “galegos”, os “portugueses”, os “franceses”, os “ingleses”, os judeus, os “alemães do sul” e muitos outros, foi o imperador nascido no território da Galiza, Teodósio, que pressionado pelos fundamentalistas cristãos proibiu os Jogos Olímpicos.
    É da cultura romana, da sua língua latina, que vem o conceito AMÉRICA LATINA, que é o chamado Novo Mundo a sul dos Estados Unidos, que de Norte para o sul começa no México e que tem a expressão nacional mais marcante no Brasil. E agora essa cultura latina, através da língua castelhana, está a afirmar-se dentro dos Estados Unidos. O crescimento da importância da língua castelhana dentro dos Estados Unidos é gradual, mas pode vir a ter uma importância semelhante à que a língua francesa tem no Canadá.
    Ora o apreço pelo desporto, no Ocidente, tem origem na cultura grega antiga. Foram os ingleses que inventaram o futebol, mas o interesse que as massas actualmente têm pelo desporto futebol é semelhante ao interesse que noutros tempos as massas tinham pelos Jogos Olímpicos.
    É a vivência do momento presente.
    Curiosamente, tanto o futebol como os Jogos Olímpicos do nosso tempo são expressões da globalização, da chamada globalização pacífica e positiva, do interesse geral.
    Das três selecções de língua oficial portuguesa a favorita é a do Brasil, é sempre favorito o Brasil, mesmo quando perde. O curioso é que as regras do jogo são iguais para todos. Neste caso específico os Estados Unidos sujeitam-se ao chamado Direito Internacional, quer isto dizer que as leis do futebol são iguais para todos, sim para todos.
    Dos países de língua portuguesa, o que menos razões tem para estar ressentido com o colonialismo português é o Brasil, que beneficiou dos acordos fronteiriços do Marquês de Pombal e que se tornou Estado Independente, sob a direcção do herdeiro do trono de Portugal. E o Brasil é um Estado Independente desde 1822.
    Já não se pode dizer o mesmo de Angola, para falarmos só dos países de língua oficial portuguesa que estão apurados para o Campeonato Mundial de Futebol na Alemanha 2006. O primeiro responsável pelas guerras em Angola foi Salazar, que não era muito inteligente, não percebeu que Angola seria um novo Brasil, mais cedo ou mais tarde.
    É o problema do Cânone, no Cânone de pensamento de Salazar era impossível uma solução para Angola igual à que foi acordada entre De Klerk e Nelson Mandela para a África do Sul.
    É no mínimo frustrante, constatar que muitos sectores da esquerda portuguesa têm uma visão fascista-racista-colonialista das questões angolanas, como os sectores mais incoerentes do Bloco de Esquerda, alguns dos quais alinham nas tertúlias neoprotofascistas, onde há uma visão altamente conservadora e reaccionária do Mundo.
    Os tempos do colonialismo português já passaram, mas de positivo, ficaram laços culturais, que também fazem parte do imaginário colectivo, o que leva muitos portugueses, a logo a seguir à selecção portuguesa, colocarem a brasileira e a angolana.
    E depois a guerra… as leis do futebol são iguais para os Estados Unidos e para o Irão.
    O futebol é um desporto que permite que o Mundo inteiro conviva entre si, em pé de igualdade, com leis iguais para todos.
    Se o que se passa com as leis do futebol se passasse com a ONU e com o TPI não tínhamos a selvajaria de Guantánamo e Sucursais, e a invasão petrocolonial do Iraque a ensombrarem este tempo de desporto, de lazer e de convivência pacífica entre Estados e entre culturas tão diversas.