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Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

sexta-feira, junho 17, 2005

  • O PS EM GUERRA COM OS PROFESSORES

    No país da cunha, do empenho, da pequena corrupção, uma classe profissional numerosa, que arranja o emprego através de concurso público, isto é, através da transparência e da honestidade, é incómoda, é contra a corrente da cunha.
    O ataque aos professores do sistema de ensino estatal é, sobretudo, porque um país que funciona à base da pequena corrupção não pode tolerar, que alguém arranje emprego, de forma transparente.
    A cunha é o critério na economia privada, o compadrio é que faz funcionar Portugal. Esta é uma das principais razões do atraso do nosso país, a ‘cunha’.
    No Estado a corrupção é um dado adquirido nas autarquias, é como a água, é essencial, não se pode passar sem ela.
    É preciso acabar com a transparência nos concursos de professores, que são a nível nacional. Imaginem um professor ateu a dar aulas num colégio de Jesuítas, que é subsidiado pelo Estado: era impossível, ou então imaginem uma professora que fosse favorável à despenalização do aborto…
    Os testas-de-ferro do SCV (Sistema Corrupcional Vigente), querem que deixe de haver concursos nacionais de professores, porque os incomoda a transparência, querem-nos regionais, depois a nível de concelho e finalmente a nível de freguesia, ou a nível de Escola, isto é, o Presidente da Comissão Executiva fazia de conta que era proprietário da Escola, despedia todos os professores e colocava lá toda a família dele: mulher, filhos, namoradas dos filhos, filhas, namoarados das filhas, primas e outros amigalhaços e amigalhaças.
    Temos conhecimento que uma pequena sondagem, de fiabilidade relativa, indica que mais de metade dos professores (e professoras) do ensino básico e secundário estatal terão votado no PS de José Sócrates, incluindo um número significativo, que votava, habitualmente, no PSD.
    E agora estão em guerra.
    Dizem que os professores têm progressões automáticas na carreira, o que não é verdade, pois os professores só podem progredir na carreira se fizerem determinadas acções de formação profissional, em cada uma das quais têm que ser aprovados, e têm que justificar, por escrito, num relatório crítico pormenorizado, que cumpriram as suas obrigações, conforme determina o seu código profissional, denominado Estatuto da Carreira Docente. Depois são avaliados e só transitam na carreira se essa avaliação for positiva. Automática seria a progressão na carreira se os professores não fizessem as acções de formação profissional e mesmo que a sua avaliação fosse negativa progredissem à mesma.
    É um confronto desagradável entre o governo e uma das classes profissionais que maioritariamente nele terá votado.