Manifesto Aplicado do Neo-Surrealismo Céu Cinzento O Abominável Livro das Neves

Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

domingo, junho 12, 2005

  • O 25 DE ABRIL E O GONÇALVISMO

    Do chamado gonçalvismo, ou acção política do general Vasco Gonçalves o que perdurou foi:
    1) A queda da ditadura de Salazar-Caetano, inspirada , directamente, no fascismo italiano.
    2) O subsídio de férias, para os assalariados
    3) O subsídio de Natal para os assalariados
    4) A existência de um salário mínimo nacional.
    Nunca, desde a fundação de Portugal, os assalariados tinham tido tais ‘luxos’.
    Vasco Gonçalves era um homem que vivia bastante bem no regime fascista, pois era coronel de engenharia.
    Era o mais graduado do chamado movimento dos capitães, que poderia ter falhado, e os seus líderes, nessas circunstâncias, poderiam ter sido executados.
    Convém lembrar que a revolução liberal do General Gomes Freire de Andrade fracassou, e este foi enforcado pelos nossos ‘amigos’ ingleses, que se consideravam liberais…
    Os próprios ingleses demoraram tanto tempo a enforcar os líderes da primeira tentativa de instaurar a liberdade em Portugal, que ficaram muito felizes, porque segundo eles «felizmente havia luar», para poderem assassinar, os heróis da luta pela instauração da Liberdade em Portugal…
    O General Gomes Freire de Andrade é o maior símbolo da luta falhada pela instauração da Liberdade em Portugal.
    Os oficiais que organizaram a revolução de 25 de Abril de 1974, se ela tivesse falhado iriam morrer, e o mais graduado deles, o coronel Vasco Gonçalves, certamente teria tido a mesma condenação que o general Gomes Freire de Andrade…
    Vasco Gonçalves foi o único primeiro-ministro, desde que Portugal existe, que colocou em primeiro lugar os interesses dos assalariados. Hoje os objectivos sociais dos neo conservadores são acabar com os restos do gonçalvismo:
    a) Acabar com o subsídio de férias
    b) Acabar com o subsídio de Natal
    c) Acabar com o salário mínimo
    Tal como Mouzinho da Silveira e Joaquim António de Aguiar lançaram o pânico nas elites sociais da sua época, que eram a nobreza e o alto clero, Vasco Gonçalves lançou o pânico nas elites sociais do regime fascista-salazarista. Vasco Gonçalves foi o único primeiro-ministro português de todo o século XX, que não teve medo da mais alta sociedade. E provocou nessa pequena minoria de super-ricos a sensação de insegurança e ansiedade que eles hoje provocam nos assalariados…
    Não há nada que prove que Vasco Gonçalves pretendia instalar uma ditadura em Portugal, de inspiração marxista. Mas as suas concepções de base marxista de uma economia baseada num sector estatal dominante e num sector privado muito controlado pelo Estado fracassaram. O domínio esmagador da alta-burguesia e dos seus testas-de-ferro é uma fatalidade da nossa época, porque ainda não foi inventada uma alternativa viável.
    Morreu o general Vasco Gonçalves, aos 83 anos, um símbolo das ilusões perdidas dos assalariados. Esperemos que não morram a seguir os ‘direitos gonçalvista’ que são o subsídio de férias para o direito ao lazer dos assalariados, o subsídio de Natal, que torna o Natal dos assalariados menos frio e o salário mínimo que estabelece o mínimo direito financeiro de qualquer assalariado…