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Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

quinta-feira, junho 16, 2005

  • REFLEXÃO SOBRE O FUNERAL DE ÁLVARO CUNHAL

    Há duas coisas que parecem claras nesse acontecimento: emoção e sinceridade.
    O chamado povo miúdo, ou as classes sociais desfavorecidas que estiveram presentes, estiveram ali com emoção e sinceridade, não foram arregimentadas por ninguém, mas apenas pela sua consciência.
    Essas pesoas sem qualquer esperança de futuro nesta nossa democracia, tratadas como animais e como números pelas classes altas e pelos seus testas-de-ferro, e também pelo CDS-PP, pelo PSD e pela ala direita do PS, não têm qualquer esperança nesta democracia, absolutamente nenhuma... e sabem disso. Ao homenagearem Álvaro Cunhal aperceberam-se que homenageavam um político anti-sistema corrupcional vigente, um homem que sacrificou a sua alegria, um homem incorrupítivel, um resistente antifascista heróico, que viveu uma vida inteira ao lado dos mais pobres contra os mais ricos. Foi um homem invulgar, quer no contexto de Portugal, quer no contexto europeu. O que recebeu como recompensa da sua dedicação existencial: nada, sim nada.
    Os heróis do Cristianismo sempre acreditaram que seriam reompensados com uma vida eterna no Céu. Mas, Cunhal acreditava que a sua recompensa seria nada.
    Quando um homem desta envergadura passa ao nosso lado, mesmo divergindo politicamente dele, nós aperccebemo-nos que, surpreendentemente, passou ao nosso lado um homem invulgar, eticamente e moralmente superior, como há poucos na História de Portugal e na História da Humanidade. Nem todas as gerações se cruzam com um homem assim...