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Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

terça-feira, abril 26, 2005

  • CRÍTICA A UM TEXTO DO JORNAL «PÚBLICO» OU A DEMOCRATIZAÇÃO DE HIROXIMA

    Um dos momentos mais altos da Civilização Ocidental foi a DEMOCRATIZAÇÃO DE HIROXIMA. Foi rápida e eficaz. As crianças foram democratizadas nos templos pagãos, nas escolas, em casa, nas maternidades, nos hospitais pediátricos, nas ruas ao colo das suas mães - tudo isto com uma BOMBA ATÓMICA, em 1945.
    Este parágrafo, altamente moral, serve de introdução à crítica ao artigo de opinião «Memórias e convicções» de Teresa de Sousa, na página 9 do jornal «Público», de 26 de Abril de 2005.
    A «democracia ocidental contra o totalitarismo comunista», isto em Portugal pós-25 de Abril. Eu pensava que tinha sido a democracia contra o totalitarismo fascista-salazarista. A guerra-civil não generalizada, que ocorreu em 1975, em Braga, em Famalicão, em Lisboa, só não se generalizou a todo o país, porque a Esquerda estava preparada para ela, depois de ter analisado a ingenuidade de Salvador Allende face a Pinochet. A Esquerda dita «comunista» não estava disposta a ser fuzilada nos estádios de futebol, como foi a Esquerda chilena, sem luta, no estádio de Santiago do Chile, facto muito apoiado pela FIFA, que considerou tais fuzilamentos muito morais e desportivos, considerando-os um bom treino para espectáculos desportivos, obrigando as equipas inscritas na FIFA a jogarem nesse estádio purificado desportivamente por Pinochet.
    Aquilo a que chamam «totalitarismo comunista» foi a capacidade de Resistência efectiva a um golpe tipo Pinochet que a Esquerda tinha: antes morrer a lutar do que morrer à frente de um pelotão de fuzilamento estilo Pinochet.
    A Esquerda dita «comunista» sabia que mesmo que militarmente fosse possível tomar o poder, se criasse um «totalitarismo comunista», isso seria um desastre político, social e económico. Mas se tentasse impor um «totalitarsmo comunista» Portugal seria sumariamente invadido pela NATO, de acordo com a chamada doutrina Brejnev, que se aplicava tanto aos países do Pacto de Varsóvia, como aos da NATO. No caso de Portugal a doutrina Brejnev seria aplicada pela Inglaterra, com o apoio dos Estados Unidos. Esta mitologia que viu a hipótese de Portugal ir «para um totalitarismo comunista» é apenas mitologia.
    «Falta-nos (...) uma parte da memória europeia». Realmente ninguém quer saber das violentíssimas perseguições religiosas feitas pelos cristãos na Grécia, durante o Império Romano: destruição de obras de arte, assassinato generalizado de sacerdotes e sacerdotizas ditos pagãos. Um acto muito simbólico dessas perseguições foi a proibição dos Jogos Olímpicos pelos cristãos.
    Ninguém quer saber do facto de os ingleses com a concordância de Churchill terem apoiado os fascistas espanhóis na guerra-civil de 1936-1939, ao lado de Hitler e Mussolini. A Inglaterra não deu só apoio diplomático, forneceu também armas ao general Franco.
    Também ninguém quer saber do apoio da NATO à ditadura de Salazar. É que Salazar e a sua ditadura foram convidados para fundadores da NATO, convite que foi aceite. E também ninguém quer saber do apoio da NATO ao fascismo dos coronéis gregos. E muito menos do apoio da NATO ao regime de Apartheid na África do Sul, em nome, é claro, da defesa da democracia, nem do apoio dado por países chave da NATO a Pinochet...
    «A derrota do nazismo». O nazismo, enquanto ideologia perdeu em 1945. No entanto os seus dois mandamentos base permaneceram, também conhecidos por 'Mandamentos da Lei do Mais Forte':
    1º O Primado Absoluto da Força
    2º O desprezo Absoluto pela condição humana.
    Estes dois mandamentos base do nazismo foram aplicados nos bombardeamentos atómicos de Hiroxima e Nagasáqui. Hiroxima é igual a Auschwitz. Qualitativamente, o sofrimento das crianças foi maior em Hiroxima (e Nagasáqui), devido à horrível agonia das crianças que levaram alguns dias a morrer. Em Auschwitz a agonia era de minutos. Auschwitz só foi pior que Hiroxima e Nagasáqui, quantitativamente. É certo que os japoneses é que iniciaram a guerra e cometeram crimes monstruosos sobre os coreanos e coreanas, sobre os chineses e chinesas e sobre os filipinos e filipinas e sobre prisioneiros norte-americanos, mas não foram as crianças de Hiroxima e Nagasáqui.
    Na cimeira dos Açores G W Bush proclamou o primeiro mandamento do nazismo, que é o Primado Absoluto da Força. Em Guantánamo, em Abu Ghraib, em Falluja, a política de desprezo ABSOLUTO pela condição humana de Geroge w Bush é puro nazismo...
    «O pior é sempre possível». Piores bombardeamentos que os atómicos de Hiroxima e Nagasáqui ainda ningém fez...