Curiosamente, no século XX, foi Lenine quem muito defendeu a união de povos. Transformou o Império Russo num conjunto de repúblicas a que chamou União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Moeda única, direitos dos cidadãos das repúblicas exteriores à República da Rússia iguais aos dos russos. Assim, um georgiano, Estaline, chegou ao poder em Moscovo e, depois um ucraniano, Kruschev.
Na prática essa união de repúblicas acabou por implodir, em parte por pressão das elites russas decadentes-copofónicas, representadas por Ieltsin, um alcoólico sem grande sentido da política a médio e a longo prazo.
A CEE caminhou em sentido contrário, para a União Europeia, isto é, em certo sentido as elites alemãs e francesas foram, na prática à ideia de Lenine de união de povos, mas sob pressão da alta burguesia industrial alemã e francesa, para os grandes exportadores era (e é) preciso vender e sem taxas de exportação. Foi esta a ideia inicial que pressionou a construção europeia, facilitar as exportações alemãs e francesas, para o que a alta burguesia conseguiu, facilmente, o apoio da classe operária (alemã e francesa), interessada também nas exportações dos produtos que fabricava.
As classes médias também apoiaram, porque o crescimento das exportações beneficia toda a economia de um país.
A intelectualidade, quer de direita, quer de esquerda, de um modo geral apoiou a ideia de uma união europeia, dinamizada pelos ex-inimigos mortais alemães e franceses.
Se a União Europeia crescer demais acabará por implodir, tal como aconteceu com a União Soviética.
Será uma implosão ideológica como foi a implosão da URSS. Ora a entrada da Turquia, tal como ela é neste momento, pode contribuir para a implosão ética-ideológica da União Europeia.
Algumas razões contra a entrada da Turquia na União Europeia:
a) A Turquia é essencialmente um país da Ásia. É perigosa a ignorância da Geografia.
b) A Turquia actual despreza a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Esse desprezo é já evidente nos países da União Europeia que aderiram ao fascismo colonial, mas apenas dentro do Iraque, um local em que os valores de Auschwitz são dominantes, dentro da Coligação de vândalos colonialistas.
A Inglaterra, a Itália, a Holanda, a Polónia, a República Checa, Portugal fazem parte dessa coligação cujo objectivo, além de martirizar o povo do Iraque é destruir a Declaração Universal dos Direitos do Homem, um dos alicerces da União Europeia.
Sendo a Inglaterra um cavalo de Tróia da extrema-direita norte-americana é de estranhar o apoio dos ingleses à entrada da asiática Turquia na União Europeia, quando eles próprios, os ingleses, não aceitam o euro e poderão abandonar a União Europeia, depois de rejeitarem, em referendo, a Constituição da União Europeia. Digamos que os ingleses estão de saída da União Europeia.
c) O excessivo peso demográfico da Turquia, que iria quebrar o equilíbrio de forças a favor dos que defendem a submissão da União Europeia aos Estados Unidos, como os ingleses e os polacos.
No espaço europeu, quando os imperadores romanos estavam no auge do seu poder, abandonaram a ideia de o alargarem, porque não lhes interessava. Tinham meios militares para chegarem à Índia, como tinha feito antes o macedónio Alexandre o Grande. Mas não lhes interessava. Era preciso impor limites ao crescimento espacial.
Na União Europeia não há estudos sobre os limites do crescimento espacial e demográfico e sobre os perigos de ultrapassar esses limites.
A alta burguesia industrial alemã e a alta burguesia industrial francesa querem é vender o máximo possível e não pensam em mais nada, quanto maior for o alargamento melhor.
Mas a U E não pode ser um simples mercado, tem que ser um conjunto de valores éticos. Ora o crescimento exagerado e precipitado põe, claramente, em causa a coesão e o aprofundamento desses valores éticos. É a recusa, na prática, da Turquia em aceitar os valores éticos humanistas da União Europeia um obstáculo fulcral à sua entrada para a U E. Os turcos desprezam os Direitos Humanos.