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Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

segunda-feira, maio 29, 2006

  • A DEMOCRACIA NO SÉCULO XXI E UM OLHAR SOBRE OS AVANÇOS, OS RETROCESSOS, E AS CONTRADIÇÕES DA HUMANIDADE

    Para os gregos antigos a democracia era o governo do povo, mas a escravatura fazia parte desta ideia de democracia, que considerava os escravos como que uns animais para trabalhar.
    Não é esta pois a ideia de democracia como a pensamos.
    Durante muito tempo criou-se a ideia de que o rei devia ter um poder absoluto, de inspiração divina.
    Os ingleses não acharam grande ideia ter um rei absoluto e em 1649 cortaram a cabeça ao seu rei absoluto Carlos I. Implantaram uma República que durou pouco tempo (1649- 1660).
    Em 1668 implantaram, de vez, um regime de supremacia do Parlamento.
    Este liberalismo pragmático não tinha grande base teórica, ainda hoje os ingleses não têm uma Constituição.
    Foi deste regime que Rousseau disse, curiosamente, que os ingleses só eram livres quando havia eleições, e que perdiam a liberdade entre o conhecimento do resultado de umas eleições e o início das próximas...
    Os franceses a pensar nos gregos antigos e olhando para a Grã-Bretanha estruturaram
    um pensamento político novo, que ficou conhecido por iluminismo, um conjunto de ideias que deram origem à Revolução Liberal Francesa de 1789. O poder devia ser definido por um conjunto de Leis Fundamentais a que se chamou Constituição.
    A primeira foi a dos Estados Unidos, de 1787, que rejeitava em absoluto a monarquia e, por isso, instituiu a República.
    Os franceses começaram com uma Monarquia Constitucional, mas acabaram por implantar a República, e seguindo o exemplo dos ingleses cortaram a cabeça ao seu rei absoluto Luís XVI (que temporariamente deixara de o ser forçado pelas circunstâncias) e até foram mais longe que os ingleses e cortaram também a cabeça à rainha Maria Antonieta.
    Os franceses com as palavras de ordem Liberdade, Igualdade e Fraternidade assustaram a Europa toda, incluindo os ingleses e foram alvo de violentos ataques militares da Europa Conservadora.
    Neste ambiente de guerra o general Napoleão Bonaparte mostrou-se de tal maneira eficaz, que acabou por tomar o poder, vindo a tornar-se imperador.
    Napoleão dominou facilmente a Europa Ocidental, excepto as Ilhas Britânicas. Tentou conquistar a Rússia mas deu-se mal com o Inverno e com a táctica de terra queimada e de guerrilha dos russos.
    A sua última batalha foi perdida em Waterloo, na Bélgica.
    Com todas as suas contradições Napoleão Bonaparte espalhou pela Europa as ideias liberais que foram depois triunfando por essa Europa fora.
    Na Alemanha Karl Marx (1818-1883) considerava que a ideia de Igualdade falhou de tal maneira, que propôs uma sociedade sem classes, de igualdade social total. Para isso propôs o sacrifício da Liberdade, substituída pela ditadura do proletariado, que seria temporária. Marx morreu sem que as suas ideias tivessem sido aplicadas.
    A sua aplicação na Rússia por Lenine e seguidores viria a fracassar com a implosão do regime chamado de soviético.
    Depois da I Guerra Mundial foi atribuído o voto às mulheres, e em França, através de um processo de longa duração estruturou-se o conceito actual de democracia, que é necessário desenvolver e aperfeiçoar.
    Na Itália Mussolini dizia nem Liberdade nem Igualdade e chamou de fascismo este novo tipo de capitalismo.
    Na Alemanha Hitler disse nem Liberdade nem Igualdade e foi mais longe que Mussolini tentando exterminar os judeus. A tentativa de Hitler de dominar o Mundo levou ao aniquilamento total do nazismo.
    Das ruínas emergiu a ONU.
    Entretanto o colonialismo sacrificava muitos povos por esse mundo fora.
    O fascismo correu a América Latina apoiado pelo Ocidente, que se dizia então defensor da Liberdade e dos Direitos Humanos, aprovados pela ONU em 1948.
    O fim do colonialismo, a queda dos fascismos na América Latina, a vitória de Clinton nos Estados Unidos, estes factos deram origem a uma onda de esperança que percorreu a Civilização Ocidental.
    A perversão das ideias marxistas, por Estaline e Mao Tsé-Tung e outros, veio dar argumentos novos às Direitas Ocidentais, que defendem a Desigualdade como um Valor Divino.
    O Desprezo pelos Direitos dos Palestinianos foi o contexto que deu origem a esta nova vaga de guerras e de Desprezo pelos Direitos Humanos.
    Olhando para a Humanidade, vemos tantas desgraças, tantas contradições, tantas incoerências, tantos avanços seguidos de tantos retrocessos, o século XXI na Civilização Ocidental já está tão profundamente ligado à Tortura e à Guerra.

    Depois aquele antigo problema da Esquerda, que é o confronto entre o Desejável e o Possível.
    Até parece que há um Determinismo Fatalista!!!!!! Mas não é verdade, se as Esquerdas se reestruturarem e se reencontrarem podem encontrar novas soluções de humanismo, de desenvolvimento económico, de solidariedade, de respeito pelos Direitos Humanos e de Paz.
    A Esquerda tem que desenvolver um novo conceito de Democracia, que inclua Liberdade, Direitos Humanos e a Igualdade do possível. Essa apologia da Tortura em Guantánamo não é uma fatalidade. Se houver quem continue, persistentemente, nos Estados Unidos, a lutar contra ela, tal barbárie acabará um dia.