Não sou, minimamente, anti-religioso, não sou pelo anti-islamismo, nem pelo anti-judaísmo, nem pelo anti-budismo, nem pelo anti-cristianismo, nem pelo anti-hinduísmo, etc.
Conversei com um católico de esquerda, daqueles que vão, regularmente, à missa, um praticante.
Sobre o divórcio, ele disse-me que era a favor da clara separação entre as leis da Igreja e as leis de César, isto é, as leis do Estado.
Assim, em Portugal, um homem e uma mulher católicos, catolicamente casados, podem divorciar-se e casar segunda vez, de acordo com as leis de César, neste caso conforme as leis do Estado português. Mas não podem casar segunda vez, estando o ex-cônjuge vivo, na Igreja.
Parece-me que não há nenhum deputado na Assembleia da República, actualmente, que esteja contra o segundo casamento de católicos divorciados, estando o ex-cônjuge vivo. Há aqui uma clara separação entre o Estado e a Igreja.
O meu conhecido católico de esquerda praticante acha que em relação ao aborto se deve, claramente, fazer o mesmo que em relação ao divórcio.
A Igreja não autoriza o divórcio, o Estado sim, a Igreja tem todo o direito de ser contra o aborto e contra a despenalização do aborto, no exercício da liberdade religiosa. MAS, os bispos não têm direito de voto na Assembleia da República.
Segundo o meu conhecido católico de esquerda, praticante, o Estado português deveria despenalizar o aborto, tal como o faz o Estado italiano e o Estado francês, países onde há elevado número de católicos. A César o que é de César, a Deus o que é de Deus. Logo, os deputados deveriam despenalizar o aborto e a Igreja deveria fazer campanhas de sensibilização para convencer as mulheres a não fazerem abortos.
Conclusão - a Igreja deve continuar a ser contra o aborto, tal como é contra o divórcio, MAS O ESTADO, TAL COMO PERMITE O DIVÓRCIO, DEVIA DESPENALIZAR O ABORTO.