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Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

quinta-feira, setembro 18, 2003

  • A PROPAGANDA DA DIREITA PORTUGUESA EM 2003

    Quando Salazar era o líder da direita portuguesa as coisa eram mais fáceis – a alta competência da PIDE no silenciamento do reviralho, a quase ausência de sindicatos, a eficiente Censura que silenciava as vozes do contra.
    Derrotada na revolução de 25 de Abril de 1974, a direita vê no que considera o 25 A, algo de anti-natural. Forçada a adaptar-se ao regime democrático, depressa aprendeu novos princípios de actuação.
    Dantes silenciava a esquerda. No entanto a esquerda ainda tinha um jornal diário seu, o jornal “República”, que Salazar deixou sobreviver à queda da I República, desde que se submetesse todos os dias à Censura. Escrevia o que Salazar deixava escrever, mas sobrevivia.
    A dinâmica do capitalismo num país pequeno como Portugal, neste momento inviabiliza a existência de um jornal da esquerda. Não há Censura, mas a publicidade é maioritariamente de direita, logo um jornal de esquerda estava condenado à falência, por dívidas. O domínio do poder económico pela direita num país pequeno neutraliza a esquerda. A pequenez do país não torna viável um “The Guardian” à portuguesa.
    Ao dominar, avassaladoramente, os meios de comunicação social portugueses a direita acha não-natural a existência de um jornal de esquerda.
    As televisões generalistas estão, ferreamente, nas mãos da direita, servindo-se de “independentes” afectos ao PSD como José Rodrigues dos Santos ou de elementos notórios das cúpulas da direita como faz a TVI com Marcelo Rebelo de Sousa. Uma televisão generalista tem que ser “independente” de direita, indo na vassalagem a Bush mais longe que alguns órgãos de informação norte-americanos.
    Os programas piores são os telejornais, porque fazem, todos os dias propaganda da direita portuguesa. No meio de alguma informação vem propaganda da direita portuguesa nos telejornais da RTP, da TVI e da SIC generalista, diariamente, sistematicamente. Os telejornais usam o vocabulário político da direita, as suas palavras-chave, publicitam as suas preocupações e angústias, a sua concepção do mundo. Censuram, drasticamente, o que é mau para a direita, como é o caso do trabalho sobre pedofilia em Portugal da revista francesa Le Point. Quando há campanhas eleitorais nós vemos a propaganda de cada partido e comparámo-la. A propaganda da direita continua, todo o ano, todos os dias, nos telejornais dos canais generalistas. É mesmo assim a nossa época.
    Nos jornais é esmagadora a propaganda da direita. Os jornais da direita, que se consideram “independentes” e que são de referência da direita, como é o caso do “Expresso”, do “Público” e do “Diário de Notícias” apoiaram, apaixonadamente, vassalicament, George W. Bush e as suas destruições e matanças.
    Ser de direita, hoje, em Portugal, implica a adesão a novos prazeres, o prazer de destruir, de matar e de roubar petróleo. É a nova ética da direita – é preciso aderir
    aos prazeres da barbárie de alta tecnologia.
    A dominação dos grandes meios de comunicação social substituiu a Censura estatal, pela Censura privada. A única maneira de as opiniões da esquerda aparecerem nos jornais são os artigos de opinião de elementos da esquerda publicados para alargarem as audiências e as vendas. É uma aparente contradição da dinâmica do capitalismo.
    A direita adaptou-se à liberdade, dominando os grandes meios de comunicação, através dos quais se autopromove.