O RAPTO DE MADELEINE MCCANN, A RELIGIOSIDADE E O DESESPERO
Alguém, algures, com um olhar quase distraído pode resolver este problema.
Os jornais de ontem, nomeadamente «The Guardian» e «The Independent», falavam na religiosidade dos pais de Madeleine, na sua religiosidade católica, do interesse do papa alemão Bento XVI pelo caso Madeleine, e da possível audiência do papa ao casal McCann.
Quando a chamada racionalidade institucional falha, neste caso as polícias de Portugal, Reino Unido e Espanha, os «media» tradicionais e a chamada democratização da Internet, os seres humanos sentem-se como que perdidos.
Kierkegaard no livro «Desespero a Doença Mortal» analisa de forma muito sintética e precisa as principais limitações da condição humana.
«O desespero não só é a pior das misérias, como a nossa perdição» (pág. 15).
Quirquegórde, nesta frase, chama a atenção para a fragilidade da condição humana.
É curioso que as oligarquias neoliberais procuram dar de elas próprias um poder e uma força, como se os elementos dessas oligarquias não fossem humanos, mas deuses.
«Pode-se demonstrar identicamente a eternidade do homem pela impotência do desespero em destruir o eu, por esta atroz contradição do desespero.» (pp 22-23)
Neta segunda frase Quirquegórde mostra a sua própria religiosidade, mas a sua análise do Desespero Humano parece-nos que o ultrapassa a ele próprio, Quirquegórde supera-se e mostra o poder do Desespero Humano também aos agnósticos e aos ateus.
E, curiosamente, mostra um mundo de insegurança, como o mundo de insegurança que os neoliberais, hoje, lançam sobre os jovens.
«O jovem desespera do futuro como de um presente in futuro; há no futuro qualquer coisa que não quer suportar, com a qual não quer ser ele próprio…» (p 68)