JOSÉ AFONSO E O IMAGINÁRIO DA ESQUERDA PORTUGUESA
José Afonso (Aveiro, 2 de Agosto de 1929 – Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987) dedicou-se ao fado de Coimbra e compôs músicas para poemas de Camões, o que era politicamente correcto, mesmo na perspectiva de Salazar. Compôs também letras e músicas de apoio à resistência contra a ditadura de Salazar-Marcelo Caetano. Este aspecto politicamente «engagé» como dizem os franceses é que o tornou conhecido. Censurado e perseguido pela ditadura de Salazar-Marcelo Caetano viu as suas ideias e as suas músicas triunfarem, especialmente «Grândola Vila Morena», com a queda do fascismo salazarista mussoliniano.
Para além da queda da ditadura a Esquerda alimentou a ideia de uma sociedade mais justa, menos desigualitária, mais solidária, sem a opressão do quotidiano.
As ideias da Esquerda são internacionalistas, tal como as da Direita.
Hoje há uma grande crise do pensamento de Esquerda no Ocidente.
Os avanços dos neoliberais e dos neoconservadores criaram a ideia, que se estendeu a muitos partidos da Internacional Socialista, de que é ‘uma lei da Natureza’ o culto dogmático da DESIGUALDADE, da insegurança no trabalho assalariado e o culto dogmático da opressão do quotidiano dos assalariados.
Neste contexto as ideias menos desigualitárias de José Afonso caíram por terra. O pensamento de Esquerda tem que continuar a inventar novos caminhos, enquanto resistência ao avanço dos neoliberais e dos neoconservadores.
Semelhante a José Afonso foi o compositor e cantor chileno Victor Jara.
Pinochet mandou prendê-lo e torturá-lo antes de o mandar assassinar. Pinochet, mandou, expressamente, que lhe partissem as mãos, com as quais compunha letras, músicas e tocava guitarra, antes de os militares chilenos o assassinarem. E assim Victor Jara (Chillán, 28 de Setembro de 1932 – Santiago do Chile, 16 de Setembro de 1973 ) foi torturado e assassinado por ordem de Pinochet, na altura bastante apoiado pela CIA.