O DISCURSO TEÓRICO E A PRÁTICA DA CONTRADIÇÃO

Ao descalabro de Santana Lopes sucedeu o alívio com a maioria absoluta do PS.
José Sócrates resolveu atacar alguns privilégios da Função Pública, mas entrando em contradição de imediato.
Com tanto desemprego, e desemprego jovem, esqueceu-se de proibir o duplo emprego na Função Pública. O duplo emprego é profundamente imoral, mas Sócrates nem sequer fala nisso. Só os médicos é que têm o duplo emprego, devidamente, regulamentado.
Depois Sócrates esqueceu-se de dizer que a média dos salários da Função Pública é superior à da Função Privada, porque em muitas profissões da Função Pública a habilitação mínima para ingresso é uma licenciatura - os casos são óbvios, mas reparemos: médicos, juízes, professores, procuradores e outros. E precipitou-se em muitos aspectos, revelando ausência de estudo prévio de algumas especificidades.
A imagem de incompetência grosseira da Função Pública é o Fisco e esta entidade lesa os contribuintes pagadores. Mas não se vê a moralização do Fisco. Por quais razões?
A seguir vem o descalabro das ligações perigosas, e muito agradáveis para os envolvidos, autarquias - empresários da construção civil.
E a seguir vêm os Tachos nas grandes empresas, onde o accionista Estado tem papel fundamental na Administração. Não defendemos que esses Tachos devam ir todos para o PSD, esteja no governo ou na oposição, como defende este partido, diferindo os argumentos quando está no poder e na oposição.
Mas colocar em Administrações «socialistas» que estão na política para enriquecer, como José Lamego, este de ética neoconservadora, e Armando Vara de ética oportunista. José Lamego, mandatário de Durão Barroso para gerir a Tortura, o roubo de poços de petróleo e o genocídio dos iraquianos é um caso limite de enriquecimento através de gestão de Crimes Contra a Humanidade, petrocoloniais.
As contradições do PS só não produzirão o caos, se Mário Soares vencer as próximas eleições e colocar na ordem José Sócrates.