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Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

quarta-feira, julho 13, 2005

  • A ESQUERDA E O FRACASSO DAS IDEOLOGIAS IGUALITÁRIAS

    O cristianismo inicial era, além de uma religião, uma ideologia igualitária, pois considerava a igualdade de todos os homens perante Deus, logo era contra a escravatura, que constituía a base do trabalho no império romano.
    Desde 212 que romanos eram não só os habitantes de Roma, como também todos os homens livres do império. Quando o imperador ‘galego’ (nasceu no território da actual Galiza) Teodósio resolveu escolher o cristianismo para religião oficial do Estado Romano, perverteu-a logo, conciliando-a com a escravatura. E até havia igrejas que tinham os seus escravos…
    O alemão Martinho Lutero, ao traduzir a Bíblia para a sua língua materna, deu origem à maior revolução religiosa europeia pós-Teodósio. Os seguidores das ideias de Lutero, chamados de protestantes, deram origem a uma enorme quantidade de igrejas e seitas cristãs, que justificam tudo, até as barbaridades de George W Bush, um leitor habitual da Bíblia. O cristianismo Ocidental, sempre diferente do cristianismo ortodoxo russo, esteve ligado a grandes barbaridades, os católicos atingiram o apogeu da barbárie com as torturas nas fogueira até à morte de judeus, bruxas e outros, no tempo do Santo Ofício, mais conhecido por Inquisição. Os protestantes não ficaram atrás dos católicos em termos de barbárie, e tanto católicos como protestantes aceitaram a escravatura até à década de 60 do século XIX.
    O empresário, filósofo e esquerdista alemão Engels, insuspeito de simpatias religiosas, estudou o igualitarismo cristão.
    O inglês Tomás Moro, no século XVI, resolveu atribuir ao navegador português Rafael Hitlodeu o descobrimento da ilha da Utopia, onde havia uma sociedade igualitária, quase perfeita. Este sonhador inglês, que acabou decapitado, por não obedecer ao rei Henrique VIII, alimenta os sonhos de tudo o que é esquerdista. A utopia esquerdista é uma sociedade justa.
    Os iluministas franceses do século XVIII, especialmente, Jean-Jaques Rousseau, estão por detrás das palavras de ordem da Revolução Liberal Francesa de 1789: liberdade, igualdade, fraternidade. Deu no que deu o liberalismo: igualdade nem pensar, fraternidade muito menos, ficou apenas a Liberdade. E agora assistimos à perversão total da palavra liberalismo, associada a todas as sacanagens que procuram promover a máxima desigualdade possível…
    Foi na Alemanha do século XIX que surgiu uma violenta e radical crítica ao liberalismo, através de Marx e Engels. Da Alemanha veio uma nova utopia igualitária, a sociedade sem classes. Marx enquanto viveu nunca foi levado muito a sério, e baptizou a sua utopia de sociedade comunista, considerando que os bens materiais seriam comuns a todos.
    Em 1917 o russo Lenine resolveu reinterpretar o pensamento de Marx e aplicá-lo a todo o império russo. Esta ideia de igualdade fez com que um natural da pequena Geórgia, Estaline, passasse a mandar na Rússia, e meio inspirado nos czares Ivan o Terrível e Pedro o Grande e em Marx construiu o chamado socialismo real, conhecido por estalinismo, baseado na nacionalização de todas as empresas. Para liquidar os seus opositores, Estaline inspirava-se em Ivan o Terrível, para organizar a economia em Marx. O estalinismo ainda hoje está mal explicado, porque se inspira no czarismo e no marxismo, é um modo de fazer política inspirado na História da própria Rússia, isto é no absolutismo czarista e na tal ideia de Marx de nacionalizção de todas as empresas. O apogeu do poder da Rússia, incluindo todos os czares foi com Estaline, enquanto república dominante dentro da União Soviética. Nunca nenhum czar sonhou que a Rússia pudesse vir a ser uma superpotência à escala planetária, ombro a ombro com os Estados Unidos. Sobrevalorizar o estalinismo como ideologia universalista é um erro crasso, de qualquer esquerdista, pois é indissociável do czarismo de Ivan o Terrível e de Pedro o Grande.
    Muito depois da morte de Estaline os comunistas russos escolheram Gorbatchov para reformular o chamado socialismo real. A escolha de Gorbatchov é já expressão da decadência profunda quer da elite comunista russa, quer da civilização russa. Ao não encontrarem um político mais eficaz que Gorbatchov os comunistas russos capitularam enquanto comunistas e enquanto russos. Gorbatchov, de etnia russa, não só não reformulou a ideologia comunista, como levou a civilização russa à ruína económica. O que salva a Rússia é a sua riqueza em matérias-primas, como o petróleo e o gás natural.
    O fracasso de Gorbatchov está associado ao ressurgimento da Barbárie em nome da Democracia, porque deixou de haver equilíbrio nas relações internacionais e George W Bush faz o que lhe apetece: Tortura, destruição de uma cidade inteira no Iraque, à maneira hitleriana…
    Enquanto espectadores vamos tirando conclusões:
    1) A sociedade mais justa só pode surgir num regime de Liberdade.
    2) A Liberdade é uma das características imprescindíveis de uma sociedade mais justa, mas não chega, tem que estar associada à justiça social.
    3) A Utopia tem que ser sempre associada à Liberdade.