OS FUNDAMENTOS DA III REPÚBLICA: AS DIFERENTES CORRENTES DA ESQUERDA
O TEMPO E A VERDADE
A desorientação que impera em muito eleitorado da Esquerda que para votar contra Santana Lopes votou José Sócrates, leva ao debate do papel da Esquerda de 24 de Abril de 1974 a 30 de Novembro de 1975.
Os factos conhecidos são pouco claros e não se percebem as coisas. Só a passagem do tempo é que permite a clarificação, e o tempo que passou não foi ainda suficiente. Só quando esses acontecimentos nada interessarem para a carreira política seja de quem for é que a objectividade virá ao de cima.
A médica Isabel do Carmo, que quando era jovem esteve integrada na política, na extrema-esquerda militarizada, escreveu um artigo no jornal «Público» de 11 de Julho de 2005, sob o título «Os desaparecidos de Junho», em que a certa altura diz: «E a colaboração com o 25 de Novembro foi a cereja em cima do bolo. Voltou a haver ordem a Ocidente.» Esta colaboração refere-se a Álvaro Cunhal.
Do pouco que se sabe de fundamental, sobre os factos de 20 a 30 de Novembro de 1975, parece consensual em parte da Esquerda o seguinte:
a) Em 24 de Novembro de 1975 havia quatro postos de comando distintos:
1) O chamado posto de comando Pinochet, sedeado no Norte, que tinha por objectivo implantar um regime semelhante ao de Pinochet ou ao do general Franco de 1939, o que implicava fuzilamentos em massa de homens e mulheres da Esquerda. Tinha ao seu serviço pilotos da Força Aérea e uma das ordens era bombardear os paraquedistas na base de Tancos.
2) O posto de comando do Grupo dos Nove, em Lisboa.
3) Um posto de comando ligado à chamada esquerda revolucionária, exterior ao PCP.
4) Um outro mais ou menos próximo do PCP.
O que se sabe de factual é que o chamado Grupo dos Nove, no meio da confusão, realizou um golpe de Estado bem sucedido.
Também se sabe que caso o chamado posto de comando Pinochet estivesse prestes a tomar o poder, aí sim a Esquerda sairia da sombra e lutaria até à morte, se fosse necessário, como alternativa à morte por fuzilamento.
b) O resultado final da revolução iniciada em 25 de Abril de 1974 foi a Constituição de 1976, na sua versão original (bem diferente da versão actual), que tinha marcas, nítidas, da Esquerda. O tempo veio a demonstrar que o chamado grupo dos Nove era constituído por pessoas de esquerda. Ora a primeira versão da Constituição de 1976, no essencial, corresponde ao conceito de «Revolução Democrática e Nacional» de Álvaro Cunhal, e foi votada, favoravelmente pelo PS e pelo PPD. Corresponde, no fundamental, ao compromisso possível entre o PS, o PCP e o então PPD.
c) Em 1974 e 1975 vigorava no Mundo, muito bem especificado para a Europa o ‘Segundo Tratado de Tordesilhas’ entre os Estados Unidos e a Rússia, integrada na União Soviética. Nada podia acontecer em Portugal que contrariasse o tratado EUA-URSS.
No ano de 1847, no contexto da chamada guerra civil da Patuleia a ala esquerda do liberalismo português, tomou o poder de facto, pela via militar. A ala direita, militarmente derrotada, não hesitou em pedir a urgentíssima invasão de Portugal pelo exército espanhol e pela marinha inglesa.
O exército regular espanhol invadiu Portugal pelo Norte e cercou a cidade do Porto, onde se concentravam os esquerdistas da época, ajudado pela marinha inglesa. As tropas espanholas e inglesas devolveram o poder à ala direita do liberalismo, tal a sua superioridade em poder de fogo.
Se o PCP tomasse o poder em 1975, repetia-se a invasão de 1847, e até poderiam ser, outra vez, os ingleses e os espanhóis…
A desorientação que impera em muito eleitorado da Esquerda que para votar contra Santana Lopes votou José Sócrates, leva ao debate do papel da Esquerda de 24 de Abril de 1974 a 30 de Novembro de 1975.
Os factos conhecidos são pouco claros e não se percebem as coisas. Só a passagem do tempo é que permite a clarificação, e o tempo que passou não foi ainda suficiente. Só quando esses acontecimentos nada interessarem para a carreira política seja de quem for é que a objectividade virá ao de cima.
A médica Isabel do Carmo, que quando era jovem esteve integrada na política, na extrema-esquerda militarizada, escreveu um artigo no jornal «Público» de 11 de Julho de 2005, sob o título «Os desaparecidos de Junho», em que a certa altura diz: «E a colaboração com o 25 de Novembro foi a cereja em cima do bolo. Voltou a haver ordem a Ocidente.» Esta colaboração refere-se a Álvaro Cunhal.
Do pouco que se sabe de fundamental, sobre os factos de 20 a 30 de Novembro de 1975, parece consensual em parte da Esquerda o seguinte:
a) Em 24 de Novembro de 1975 havia quatro postos de comando distintos:
1) O chamado posto de comando Pinochet, sedeado no Norte, que tinha por objectivo implantar um regime semelhante ao de Pinochet ou ao do general Franco de 1939, o que implicava fuzilamentos em massa de homens e mulheres da Esquerda. Tinha ao seu serviço pilotos da Força Aérea e uma das ordens era bombardear os paraquedistas na base de Tancos.
2) O posto de comando do Grupo dos Nove, em Lisboa.
3) Um posto de comando ligado à chamada esquerda revolucionária, exterior ao PCP.
4) Um outro mais ou menos próximo do PCP.
O que se sabe de factual é que o chamado Grupo dos Nove, no meio da confusão, realizou um golpe de Estado bem sucedido.
Também se sabe que caso o chamado posto de comando Pinochet estivesse prestes a tomar o poder, aí sim a Esquerda sairia da sombra e lutaria até à morte, se fosse necessário, como alternativa à morte por fuzilamento.
b) O resultado final da revolução iniciada em 25 de Abril de 1974 foi a Constituição de 1976, na sua versão original (bem diferente da versão actual), que tinha marcas, nítidas, da Esquerda. O tempo veio a demonstrar que o chamado grupo dos Nove era constituído por pessoas de esquerda. Ora a primeira versão da Constituição de 1976, no essencial, corresponde ao conceito de «Revolução Democrática e Nacional» de Álvaro Cunhal, e foi votada, favoravelmente pelo PS e pelo PPD. Corresponde, no fundamental, ao compromisso possível entre o PS, o PCP e o então PPD.
c) Em 1974 e 1975 vigorava no Mundo, muito bem especificado para a Europa o ‘Segundo Tratado de Tordesilhas’ entre os Estados Unidos e a Rússia, integrada na União Soviética. Nada podia acontecer em Portugal que contrariasse o tratado EUA-URSS.
No ano de 1847, no contexto da chamada guerra civil da Patuleia a ala esquerda do liberalismo português, tomou o poder de facto, pela via militar. A ala direita, militarmente derrotada, não hesitou em pedir a urgentíssima invasão de Portugal pelo exército espanhol e pela marinha inglesa.
O exército regular espanhol invadiu Portugal pelo Norte e cercou a cidade do Porto, onde se concentravam os esquerdistas da época, ajudado pela marinha inglesa. As tropas espanholas e inglesas devolveram o poder à ala direita do liberalismo, tal a sua superioridade em poder de fogo.
Se o PCP tomasse o poder em 1975, repetia-se a invasão de 1847, e até poderiam ser, outra vez, os ingleses e os espanhóis…