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quinta-feira, fevereiro 21, 2008

  • CRÍTICA CRÍTICA À CRÍTICA EM TERMOS CRÍTICOS

    A Propósito do filme «Call Girl» de António Pedro Vasconcelos, ex-membro de um governo do PSD, e de um texto do site «O Tempo das Cerejas»



    1) O texto de Vítor Dias

    «20-02-2008
    Call it communist !

    Pois, pois, a liberdade artística...

    Eu não vi o filme Call Girl de António-Pedro Vasconcelos mas, por todas as razões e mais algumas, não posso deixar de dar crédito ao testemunho indignado que Abílio Fernandes, de longe um dos n omes mais prestigiados da história do poder local democrático, hoje estampou em artigo no Público (sem link) intitulado «Um comunista porquê?».
    O ex- Presidente da Câmara Municipal de Évora, relativamente ao argumento do referido filme lança a seguinte pergunta : «porquê a escolha para protagonista corrupto de um personagem que faz de presidente de câmara comunista?». E acrescenta que esta identificação política passa a ser praticamente explicita pois se trata de «um autarca numa câmara municipal de uma terra alentejana onde se desenvolvem iniciativas de idosos que erguem o punho , quando avistam bandeiras rubras num ecrã de televisão e cujo pai leva a bandeira comunista no caixão do seu funeral?».
    E Abílio Fernandes observa ainda acertadamente que este elemento do argumento, sendo ofensivo para os comunistas, tem um grave problema de verosimilhança uma vez que, em matéria de corrupção, o PCP é o partido que «menos motivos tem dado para ser apontado como exemplo de práticas de corrupção no poder local».
    Palpita-me que, perante este protesto de Abílio Fernandes, não faltarão os que logo retorquirão que se trata de um inadmissível ataque ao principio da liberdade artística, valor que decerto nem eu nem Abílio Fernandes nos passa pela cabeça pôr em causa. A verdade é que, no mesmo nome da liberdade artística, teria sido perfeitamente concebível (como acontece em tantos filmes), já não digo acertar em alvos mais merecidos de frechadas cinematográficas, evitar qualquer elemento de identificação política, aliás certamente acessório na trama principal da história.
    Concluo confessando que esta envenenada opção de António-Pedro Vasconcelos não bate certa com a ideia e com a imagem que tinha deste importante realizador português.»


    2) António Pedro Vasconcelos já foi governante, dum governo do PSD.
    Logo tinha muita lógica que os corruptos fossem o Presidente da Câmara do PCP e o ministro do PS.
    Os dois automóveis, quando é feito o pagamento do suborno em dinheiro vivo, junto à ponte Vasco da Gama apontam para o caso Freeport.

    3) No entanto o filme para acentuar a insensibilidade da classe política da III República tinha que escolher um autarca do PCP, porque foi o partido, que de maneira, por vezes, heróica, resistiu ao fascismo, resistência essa muito desprezada hoje, pela III República, que vai fazer da sede da PIDE um condomínio para a alta-burguesia.
    A geração do sacrifício levanta-se e canta a Internacional, quando vê na televisão o funeral de Álvaro Cunhal.
    A geração do poder actual despreza a honestidade, e desliga a televisão.

    4) A geração do poder actual despreza a coerência ideológica e governa para a alta burguesia e usa uma certa má-fé, baseada na incoerência ideológica, nomeadamente para justificar as suas políticas neoliberais, que visam a insegurança geral e a disseminação da MORAL DO ESCRAVO entre os assalariados.

    5) Convém não esquecer que o melhor dos dois partidos visados no filme «Call Girl» que são o PCP e o PS está, talvez, fora da capital, espalhado pelo país. Onde há mais coerência ideológica nestes dois partidos , é nos chamados partidos em si, espalhados pelo país.

    6) Um dos grandes problemas da política, e da ficção política, a nível global, é a incoerência ideológica.