Manifesto Aplicado do Neo-Surrealismo Céu Cinzento O Abominável Livro das Neves

Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

quarta-feira, outubro 18, 2006

  • A CRISE DA CONSTITUIÇÃO EUROPEIA E O REAGRUPAMENTO DAS CLASSES SOCIAIS

    A rejeição pelos eleitores franceses da proposta de Constituição da União Europeia, contra grande parte dos partidos e da classe política mostra que a classe política vive num mundo virtual, divorciada do mundo real dos eleitores.
    Na Holanda, pouco depois, aconteceu a mesma coisa.
    Valéry Giscard D’Estaing, o homem chave do projecto de Constituição da União Europeia, sempre foi um homem de Direita, tendo sido presidente da República da França representando a Direita, e tem essa visão tradicional da Direita de que os oligarcas devem dominar a Mundo e que as classes assalariadas devem estar o pior possível, o mais pobres dentro do possível. Ora o alargamento da UniãoEuropeia apareceu como um pretexto para empobrecer as classes assalariadas, nivelando-as por baixo.
    Se George W Bush ou alguém, a partir dos Estados Unidos, contar a verdade sobre a Rede Guantánamo e Sucursais, toda a gente ficará a saber que grande parte da classe política da União Europeia não tem princípios, nem escrúpulos, e defende-se atrás do SEGREDO DE ESTADO.
    Ora o conceito actual de Democracia permite actos criminosos à classe política que nenhuma lei permite, em nome do que a classe política classifica de ‘interesse do Estado’.
    Churchill dizia que a Democracia era o pior regime, excepto todos os outros.
    Não há dúvida que qualquer Ditadura, seja ela qual for, é perigosa para os cidadãos.
    O problema não é entre Ditadura e Democracia, porque a Ditadura está posta de lado, MAS ENTRE DIFERENTES CONCEITOS DE DEMOCRACIA.
    Ora a questão está pois na modificação do Conceito Actual de Democracia.
    O regime que existiu na Rússia em nome de Marx e da IGUALDADE das classes sociais esteve sempre associado a uma Ditadura e fracassou, autodestruindo-se.
    Mas isso não quer dizer que não haja outras maneiras de lutar contra as desigualdades, a luta contra as desigualdades é a essência da Esquerda. A Esquerda deve pretender que o bem-estar e a felicidade do possível sejam alargados ao máximo possível de seres humanos. Não era Cristo que dizia que «amarás o próximo como a ti mesmo»?
    Ora o que os neoconservadores e os ditos neoliberais defendem é aumentar ao máximo as desigualdades sociais, isto é, ‘oligarca trata dos teus interesses e os outros que se lixem’.
    O que está na moda no Ocidente é um culto dogmático de cariz religioso da DESIGUALDADE.
    Associada à DESIGUALDADE está a opressão do quotidiano dos assalariados.
    Em Portugal o actual governo PS procura fazer o reordenamento das classes sociais. Para que o Estado gaste menos dinheiro, porque empobreceu, o objectivo é empobrecer drasticamente algumas classes sociais. Isto tem lógica. Um Estado pobre é um patrão pobre. O que não tem lógica é a argumentação demagógica-populista que procura encobrir este desejo objectivo de empobrecer algumas classes profissionais neste reordenamento dogmático-neoliberal-religioso das classes sociais.
    Mas o Estado está pobre em parte devido aos privilégios atribuídos aos grandes capitalistas. Uns fogem ao Fisco em grande escala devido à complacência da classe política do poder. Outros têm benefícios fiscais especiais em nome de um qualquer deus desconhecido.
    O pequeno número de oligarcas e dos respectivos testas-de-ferro que dominam Portugal conseguem fazer uma publicidade diária da ideologia desses oligarcas, como se o Mundo acabasse sem os altos privilégios desses oligarcas. Socialmente, o poder dos oligarcas portugueses é semelhante ao que tinham na Ditadura da II República dominada pelo salazarismo. A ideia de que será o «Fim do Mundo» se esses oligarcas perderem privilégios passa todos os dias na comunicação social. A ideologia dos oligarcas é «O QUE ESTÁ CERTO». A ideologia de quem se opõe à ideologia dos oligarcas «não presta».
    Ora na União Europeia, em toda a União Europeia, há uma crise do pensamento de Esquerda, e essa crise é aproveitada pelas oligarquias do capital para imporem a CULTURA DA DESIGUALDADE. Está na moda em toda a União Europeia aumentar ao máximo possível AS DESIGUALDADES.
    E assim vai o nosso tempo as classes dos oligarcas enriquecem cada vez mais e as classes assalariadas empobrecem cada vez mais… como se isto fosse uma «Lei Divina»... de protecção aos oligarcas…
    Utilizando outras palavras pretende-se aumentar o bem-estar, a felicidade, dos oligarcas e o mal-estar, a insegurança, e a infelicidade dos assalariados. E isto é bom? Para os oligarcas é, para os outros é mesmo mau.
    Quando haverá uma Constituição da União Europeia consensual que a faça andar para a frente? É necessária uma União Europeia com princípios e com fins transparentes que relancem o optimismo. Com uma Ética coerente.