Manifesto Aplicado do Neo-Surrealismo Céu Cinzento O Abominável Livro das Neves

Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

terça-feira, abril 13, 2004

  • O 25 DE ABRIL - I


    O 25 de Abril de 1974 foi
    1)- O derrube da Ditadura Fascista mussoliniana de Salazar-Caetano.
    Foi decisivo no processo de minagem dos alicerces do regime fascista o PCP e Álvaro Cunhal.
    Entre os militares que deram o golpe de misericórdia no regime salazarista-marcelista destaco Salgueiro Maia um homem honesto e íntegro a quem o poder não subiu à cabeça - coerente, sempre coerente (em tempos de crise ética a honestidade, que deveria ser banal, passa a ser um valor!)
    Há pouco uma jornalista de TV da jovem nova direita disse que o maior massacre de civis foi o 11 de Setembro em Nova Iorque. Perguntaram-lhe se o massacre de Hiroshima com uma única bomba não teria sido maior. Respondeu que não se lembrava porque não era nascida.
    Certamente que não sabe por quais razões não somos espanhóis, porque não era nascida. Certamente não sabe por que os brasileiros das telenovelas falam português, porque os factos relacionados com tal exótica escolha linguística se passaram quando ela não era nascida.
    2)- A instauração da Democracia - com base na análise da evolução do liberalismo francês até à Democracia da França actual.
    3)- A concessão da independência às colónias.
    4)- A adesão à União Europeia e a adopção da moeda da Alemanha, França, Espanha e Itália (refiro os países decisivos na moeda), o euro.
    5)- Em termos sociais a classe que dominava a Ditadura Fascista é a mesma que domina a Democracia – A Alta Burguesia de que António Champallimaud é o ícone e o melhor exemplo.
    Só que antes do 25 de Abril de 1974 a Alta Burguesia não concedia o Direito à Greve, nem o Direito de Manifestação, nem o Direito de Voto Livre – hoje, contrariada, lá tem que conviver com estas Forças de Bloqueio.
    O PREC (Processo Revolucionário em Curso) pós-25 de Abril foi um ataque directo à Alta Burguesia pelas classes médias e baixas – António Champallimaud ficou muito menos rico e foi para o Brasil.
    A Alta Burguesia empobreceu e tremeu. No entanto o suporte teórico do ataque à Alta Burguesia era inconsistente, uma adaptação de «O Capital» de Karl Marx. Até hoje é impossível derrubar a Alta Burguesia – é apenas possível obrigá-la a aceitar regras e a dividir a riqueza nacional.
    No entanto a Burguesia derrubou a Nobreza através da Revolução Liberal Francesa e outras similares. Só que o suporte teórico do derrube da Nobreza, o Iluminismo, que parecia um conjunto de ideias de lunáticos era de tal maneira consistente que deu origem à actual Democracia francesa e similares.
    O ultra-reaccionário austríaco Metternich, a quem os ‘liberais’ ingleses entregaram a Europa depois de terem derrotado Napoleão Bonaparte venceu no curto prazo, mas o liberalismo foi proliferando por toda a Europa. Napoleão Bonaparte foi um produto dos ataques continuados da Europa absolutista à França liberal, tinha muitos defeitos mas comparado com Metternich era muito mais à esquerda!
    Em Portugal, desde a sua fundação, só houve uma única revolução social profunda e bem sucedida – foi a revolução liberal que desalojou, definitivamente, do poder económico o clero através da nacionalização de todos os bens das ordens religiosas (e respectiva expulsão do país) e a nobreza, através da proibição da herança pelo filho mais velho de todos os bens da casa nobre, herdados por todos os filhos e filhas, medida que foi o golpe fatal no poder económico das casas nobres – a burguesia ascendeu a classe dominante e aí se mantém. Os burgueses passaram a dizer «o nosso país» e continuam a dizer.
    Teoricamente as classes inferiores e médias não podem desalojar a Alta Burguesia, como ela desalojou o Clero e a Nobreza, mas podem obrigar a Alta Burguesia a dividir melhor a riqueza nacional – é este o objectivo da Esquerda de hoje.