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sexta-feira, dezembro 14, 2007

  • OSCAR NIEMEYER 100 ANOS DE VIDA




    « Vida de Niemeyer é descrita em um volume da série "Folha Explica"; leia introdução
    Durante os 100 anos de vida, Oscar Niemeyer realizou obras como o conjunto da Pampulha - projeto pioneiro de novas faces da arquitetura no mundo -, o Edifício Copan, o conjunto do Parque Ibirapuera e a criação de Brasília (ele trabalhou no plano piloto com a equipe de Lucio Costa) em 1960. Leia a seguir a introdução do livro.


    Entre seus projetos recentes estão o Sambódromo, o Memorial da América Latina e o Museu de Niterói.
    O volume "Oscar Niemeyer", de Ricardo Ohtake, parte da série "Folha Explica", da Publifolha, mostra a trajetória do mais importante criador brasileiro vivo, reconhecido em todo o mundo. O livro conta fotos e doze ilustrações feitas pelo próprio arquiteto. Veja entrevista com Ricardo Ohtake.
    Niemeyer sempre se superou. Cada projeto acabou impedindo que muitos trabalhos fossem plenamente assimilados e reconhecidos. Leia sobre a exposição que mostra a influência do arquiteto sobre as artes visuais e a identidade brasileira.
    É inegável sua capacidade de gerar novas idéias, de buscar soluções até então desconhecidas e ousar na técnica, em projetos de grande porte, em tão curto espaço de tempo.
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    Introdução
    Segundo se ouve e se lê, Oscar Niemeyer é: o mais importante criador brasileiro vivo, reconhecido em todo o mundo; o único brasileiro que será lembrado no século 30; o arquiteto que realizou o maior número de importantes projetos construídos na história da humanidade. Afora estas tiradas midiáticas, mas que não deixam de ter sua dose de verdade, Niemeyer transformou em coisa corriqueira o fato de projetar obras importantes.
    Com soluções totalmente inesperadas, propostas estruturais fora de qualquer compêndio e uso de materiais simples, ele cria espaços comoventemente democráticos. Niemeyer praticamente banalizou o significado de "obra importante de arquitetura", pois quase anualmente produz (e vê construída) uma delas que, para qualquer arquiteto, seria o "projeto da vida".
    Trabalhador inveterado, sempre com jornadas de 12 horas, inclusive aos sábados e domingos, na época de Brasília chegou a se mudar para um escritório de canteiro de obra, como funcionário da Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil).
    Em inúmeras ocasiões, abriu mão de receber honorários, por motivos éticos, ou se as amizades falassem mais alto. Apesar de sua produção monumental, sempre teve vida comedida e trabalha até hoje para viver. Jamais deixou de ter posições políticas claras. Militante convicto do Partido Comunista, só nos últimos tempos abandonou a posição partidária, sem que isso amenizasse seu protesto contra a desigualdade social existente no mundo.
    Este livro segue os 100 anos de vida de Oscar Niemeyer. Começa pelos trabalhos anteriores ao do conjunto da Pampulha (1942), o primeiro projeto de sua total responsabilidade e pioneiro das novas faces da arquitetura que se implantavam no mundo. Daí até Brasília passou uma década e meia, tempo para Oscar desenvolver vários projetos de grande porte e preparar-se para enfrentar o maior desafio imaginado por um arquiteto: inventar a nova capital de um país. Quando ficou difícil trabalhar no Brasil, durante a ditadura militar, a Europa o recebeu de braços abertos.
    Neste período, Niemeyer produziu obras que o tornaram ainda mais conhecido no mundo. Após sua volta (1974), com os preconceitos políticos diminuindo aos poucos devido à redemocratização, Niemeyer continuou a criar espaços de rara inventividade, por todo o país. Setenta anos de vida profissional, com muita clareza de onde e como focar o trabalho, muita rapidez nas ações, incansável no enfrentamento de desenhos e textos.
    Mesmo num país subdesenvolvido e atuando nesta área difícil e cara que é a arquitetura, Niemeyer, com sua ousadia infinita, sempre soube até onde se pode chegar e muitas vezes chegou até onde ninguém tinha chegado antes. Se é comum a experiência de ter ido longe junto com ele Niemeyer é o nosso arquiteto, de todos nós, brasileiros, isso se deve, sem dúvida a seu sentido enorme de solidariedade, inseparável da obra que ele construiu. »

    (In «Folha de S. Paulo»)