Manifesto Aplicado do Neo-Surrealismo Céu Cinzento O Abominável Livro das Neves

Anti-Direita Portuguesa

ESQUERDA NÃO PARTIDÁRIA

LIVRE-PENSADORA

quarta-feira, setembro 15, 2004

  • POESIA IMORAL

    Assim que a minha irmã e eu saímos
    de casa da nossa mãe só queríamos
    era foder, obliterar
    o seu corpo delgado de pardal e as finas
    pernas de grilo. Os corpos dos homens
    eram como o corpo do nosso pai! Os enormes
    pernis, flancos, coxas, os torneados
    joelhos, as longas canelas esguias-
    podíamos possuí-lo,
    as nádegas íngremes
    interditas, as costas dos joelhos, o caralho
    na nossa boca, ah o caralho na nossa boca.
    Como exploradores que
    descobrem uma cidade perdida, ficámos
    doidas de alegria,
    despíamos os homens
    lentamente com cuidado, como se
    descobríssemos artefactos enterrados que
    demonstravam a nossa teoria da cultura perdida:
    a de que se a Mãe dizia que não havia lá nada
    era porque havia.

    SHARON OLDS

    Selecção de Ricardo Marques (Mestrando em Sociologia)