REFLEXÕES SOBRE OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA DO NORTE
Frase do dia: “Acreditar no amanhã mesmo que não exista amanhã nenhum”.
Reflexos e reflexões incondicionadas mas com condições
Hoje em dia discute-se bastante sobre se se deve ser pró ou anti EUA como se isso fosse algo que traduzisse, em si, uma grande questão filosófica. Mas na realidade não é. Traduz, isso sim, apenas uma simples demagogia retórica e não creio que seja mais do que isso. Os EUA não são nem o grande Satã nem o patamar mais elevado do estado do capitalismo selvagem. Como pessoas até são medianamente incultos (segundo os “nossos” padrões), em termos de política interna são realmente básicos e em termos de política externa são medíocres-responsabilizam os Outros pelos seus próprios erros, apenas conseguem ver os efeitos sem nunca conseguirem descortinar as causas (a exemplo de qualquer bom agente de autoridade). O que caracteriza fundamentalmente os EUA é a forma como a sua dominação é feita-através de uma cultura parasitária que apenas esconde uma lógica de dominação implícita. Se forem pessoas que, tal como eu, estão agora a chegar aos 30 devem-se lembrar do peso que filmes como Rockys ou Rambos tiveram sobre a nossa geração. A pseudo-cultura americana, que todas as sociedades, ocidentais ou não, comem todos os dias na televisão, no cinema, nos fast-food, é que realmente mina porque povoa o nosso universo de referências e de valores que não são, de todo, inocentes. Grande parte do nosso imaginário, principalmente quando somos jovens no início do processo de socialização, vem daí. Dizem que isso são os efeitos da globalização? Em parte. Mas a globalização é mesmo isso: há uns que dominam e outros que são dominados. Só que uns são dominados com bombas e outros são dominados com chocolates e pipocas. Desta maneira a dominação cultural torna-se, sem se saber qual é o reflexo da outra, numa dominação política. Acho que o sr. Durão e o sr. Portas viram muitos filmes do Rambo quando eram piquenos, só assim se explica a verdadeira atitude de putos ranhosos a quererem a atenção que não tiveram. Não creio, realmente, que o "nosso" (salvo seja!!) PM tivesse, de todo, uma visão política e estratégica fundamentada-ou seja, participar no saque do Iraque-empresas de reconstrução, petróleo, interesses comerciais, etc. Não creio, não tem visão estratégica nem nenhum projecto para o país-como qualquer outro carreirista político.
Discute-se muito sobre a questão da insegurança e os tais chamados terroristas, que é o mesmo que tentar lidar com as consequências sem se tentar lidar com as causas. É o mesmo que tentar despejar baldes de água de uma banheira que está a verter sem antes se pensar em fechar a torneira. Depois vendem slogans imberbes como “Pelo mundo livre!”, “Pela Democracia”, como se estivessem a anunciar uma qualquer espuma de barbear. Nesse sentido, desprovidos da própria essência, tornam-se meros golpes publicitários e de marketing. E como as pessoas se habituaram, quase em exclusivo, a esta forma de comunicar... dizem que sim, compram. É tudo muito simples. Uma grande treta.
A própria democracia é isso, nada mais que um slogan. Debitado pelo Stallone ou pelo Jorge Sampaio, não importa, nada mais que um slogan. Nada mais que um produto vendido pela lógica mercantilista e que muitos têm que pagar com sangue e sangue. Converte-se todos os homens a um modelo único de comportamento e obediência, a exemplo que o cristianismo, ou até o islamismo, tentaram fazer. Antes tinha-se que se ser um bom católico, hoje é preciso sermos democratas... mesmo que desprezemos toda a novela partidária e as personagens que ela promove a estilo de novela da TVI.
Mas, sem sombra de dúvida, para não nos alongarmos mais, os EUA são mesmo um império. Em certos pontos chegam a lembrar o Império Romano e a perderem para este na comparação. Enquanto que os romanos, nos territórios conquistados, faziam valer a Pax Romana-permitindo aos povos conquistados terem os seus costumes e religiões próprias-os EUA nem isso. Há que converter os dominados em democratas, só assim é que conseguirão vender muitos hamburgers e muitas pipocas para o novo filme da Nicole Kidman que nem sequer é americana. Há uns dias apanhei um taxista esclarecido a vir para casa que me disse: “Dizem que precisamos ajudar os americanos, pois, mas quando a Indonésia invadiu Timor os americanos sabiam e nada fizeram”. Mesmo que despreze todos os tipos de colonialismo ainda lhe disse mais: eles não só sabiam. Sim, foram eles que deram o aval, a televisão portuguesa mostrou há uns dois anos um documento da CIA, só agora revelado, que veio a tornar público aquilo que já toda a gente sabia. O secretário de estado americano, Kissinger, um sionista, deu o aval para a Indonésia invadir Timor, sendo o preço da chacina saldado com o sangue de portugueses e de gerações de timorenses. Não que isso fosse grande novidade ou que isso possa chocar minimamente alguém. Aliás, o assunto até foi completamente negligenciado pela comunicação social e pelos políticos. Acham que isso importa? Quem nos salva do que nos tem salvo? A invasão do Iraque criou mais terroristas ou criou menos? Aliás, ser-se terrorista depende apenas do lado do barril de pólvora que se está. Não quer dizer nada. Tal como democracia. Quer dizer ainda menos. Tal como no Iraque, promovem um fantoche local contra quem vão ter de lutar daqui a 10 anos. Nada mais que um ciclo. Aliás, o terrorismo, mais do que às pessoas que lutam por esta ou aquela causa, interessa antes de tudo aos estados como os EUA ou a Espanha de José Maria Aznar. Só assim é que podem fundamentar as suas políticas de controle sobre as pessoas, repressivas e de devassa da vida singular, com base em argumentos como a segurança ou a paz. Fraude, apenas retórica de pasquim. Desta maneira têm sempre um inimigo, alguém a quem deitar as culpas. E qual é a piada de um mundo sem inimigos? Nem nas novelas da TVI! Desta maneira o terrorismo de alguns justifica sempre o terrorismo de estado e vice versa. Precisam ambos um do outro. Alimentam-se. Quem não faz parte do jogo é apenas carne para canhão. Exemplos não faltam.
Pelos vistos o sr. Berlusconi tem uma visão diferente. Não, não culpa o governo espanhol-o que segundo a visão de cima não seria completamente infundado, a popularidade do sr. Bush também subiu depois do 11 de Setembro, convém lembrar. Não, o sr. Berlusconi continua a responsabilizar a ETA. Com base em quê? Ora, no facto dos supostos membros de uma tal Al-Qaeda serem beduínos e não terem capacidades para uma acção daquela envergadura. Então e o 11 de Setembro nos EUA? Bem, sempre podemos voltar ao facto do terrorismo interessar ao estado-não querendo cair na teoria da conspiração-desta maneira ou seria o governo ou seria o lobby judaico (não deixa de ser estranho numa cidade em que habitam tantos, em que tantos trabalham, que no 11 de Setembro nenhum judeu estivesse entre as vítimas), seria sempre um dos dois. Talvez o sr. Berlusconi quisesse dizer isso. Ou talvez... em vez de aviões a embaterem nas torres ele tenha visto camelos. Não, acho que não. Que se saiba nem o sr. Berlusconi, o sr. Sharon, o sr. Portas, ou o sr. Bush sabem voar.
Ricardo Marques
Frase do dia: “Acreditar no amanhã mesmo que não exista amanhã nenhum”.
Reflexos e reflexões incondicionadas mas com condições
Hoje em dia discute-se bastante sobre se se deve ser pró ou anti EUA como se isso fosse algo que traduzisse, em si, uma grande questão filosófica. Mas na realidade não é. Traduz, isso sim, apenas uma simples demagogia retórica e não creio que seja mais do que isso. Os EUA não são nem o grande Satã nem o patamar mais elevado do estado do capitalismo selvagem. Como pessoas até são medianamente incultos (segundo os “nossos” padrões), em termos de política interna são realmente básicos e em termos de política externa são medíocres-responsabilizam os Outros pelos seus próprios erros, apenas conseguem ver os efeitos sem nunca conseguirem descortinar as causas (a exemplo de qualquer bom agente de autoridade). O que caracteriza fundamentalmente os EUA é a forma como a sua dominação é feita-através de uma cultura parasitária que apenas esconde uma lógica de dominação implícita. Se forem pessoas que, tal como eu, estão agora a chegar aos 30 devem-se lembrar do peso que filmes como Rockys ou Rambos tiveram sobre a nossa geração. A pseudo-cultura americana, que todas as sociedades, ocidentais ou não, comem todos os dias na televisão, no cinema, nos fast-food, é que realmente mina porque povoa o nosso universo de referências e de valores que não são, de todo, inocentes. Grande parte do nosso imaginário, principalmente quando somos jovens no início do processo de socialização, vem daí. Dizem que isso são os efeitos da globalização? Em parte. Mas a globalização é mesmo isso: há uns que dominam e outros que são dominados. Só que uns são dominados com bombas e outros são dominados com chocolates e pipocas. Desta maneira a dominação cultural torna-se, sem se saber qual é o reflexo da outra, numa dominação política. Acho que o sr. Durão e o sr. Portas viram muitos filmes do Rambo quando eram piquenos, só assim se explica a verdadeira atitude de putos ranhosos a quererem a atenção que não tiveram. Não creio, realmente, que o "nosso" (salvo seja!!) PM tivesse, de todo, uma visão política e estratégica fundamentada-ou seja, participar no saque do Iraque-empresas de reconstrução, petróleo, interesses comerciais, etc. Não creio, não tem visão estratégica nem nenhum projecto para o país-como qualquer outro carreirista político.
Discute-se muito sobre a questão da insegurança e os tais chamados terroristas, que é o mesmo que tentar lidar com as consequências sem se tentar lidar com as causas. É o mesmo que tentar despejar baldes de água de uma banheira que está a verter sem antes se pensar em fechar a torneira. Depois vendem slogans imberbes como “Pelo mundo livre!”, “Pela Democracia”, como se estivessem a anunciar uma qualquer espuma de barbear. Nesse sentido, desprovidos da própria essência, tornam-se meros golpes publicitários e de marketing. E como as pessoas se habituaram, quase em exclusivo, a esta forma de comunicar... dizem que sim, compram. É tudo muito simples. Uma grande treta.
A própria democracia é isso, nada mais que um slogan. Debitado pelo Stallone ou pelo Jorge Sampaio, não importa, nada mais que um slogan. Nada mais que um produto vendido pela lógica mercantilista e que muitos têm que pagar com sangue e sangue. Converte-se todos os homens a um modelo único de comportamento e obediência, a exemplo que o cristianismo, ou até o islamismo, tentaram fazer. Antes tinha-se que se ser um bom católico, hoje é preciso sermos democratas... mesmo que desprezemos toda a novela partidária e as personagens que ela promove a estilo de novela da TVI.
Mas, sem sombra de dúvida, para não nos alongarmos mais, os EUA são mesmo um império. Em certos pontos chegam a lembrar o Império Romano e a perderem para este na comparação. Enquanto que os romanos, nos territórios conquistados, faziam valer a Pax Romana-permitindo aos povos conquistados terem os seus costumes e religiões próprias-os EUA nem isso. Há que converter os dominados em democratas, só assim é que conseguirão vender muitos hamburgers e muitas pipocas para o novo filme da Nicole Kidman que nem sequer é americana. Há uns dias apanhei um taxista esclarecido a vir para casa que me disse: “Dizem que precisamos ajudar os americanos, pois, mas quando a Indonésia invadiu Timor os americanos sabiam e nada fizeram”. Mesmo que despreze todos os tipos de colonialismo ainda lhe disse mais: eles não só sabiam. Sim, foram eles que deram o aval, a televisão portuguesa mostrou há uns dois anos um documento da CIA, só agora revelado, que veio a tornar público aquilo que já toda a gente sabia. O secretário de estado americano, Kissinger, um sionista, deu o aval para a Indonésia invadir Timor, sendo o preço da chacina saldado com o sangue de portugueses e de gerações de timorenses. Não que isso fosse grande novidade ou que isso possa chocar minimamente alguém. Aliás, o assunto até foi completamente negligenciado pela comunicação social e pelos políticos. Acham que isso importa? Quem nos salva do que nos tem salvo? A invasão do Iraque criou mais terroristas ou criou menos? Aliás, ser-se terrorista depende apenas do lado do barril de pólvora que se está. Não quer dizer nada. Tal como democracia. Quer dizer ainda menos. Tal como no Iraque, promovem um fantoche local contra quem vão ter de lutar daqui a 10 anos. Nada mais que um ciclo. Aliás, o terrorismo, mais do que às pessoas que lutam por esta ou aquela causa, interessa antes de tudo aos estados como os EUA ou a Espanha de José Maria Aznar. Só assim é que podem fundamentar as suas políticas de controle sobre as pessoas, repressivas e de devassa da vida singular, com base em argumentos como a segurança ou a paz. Fraude, apenas retórica de pasquim. Desta maneira têm sempre um inimigo, alguém a quem deitar as culpas. E qual é a piada de um mundo sem inimigos? Nem nas novelas da TVI! Desta maneira o terrorismo de alguns justifica sempre o terrorismo de estado e vice versa. Precisam ambos um do outro. Alimentam-se. Quem não faz parte do jogo é apenas carne para canhão. Exemplos não faltam.
Pelos vistos o sr. Berlusconi tem uma visão diferente. Não, não culpa o governo espanhol-o que segundo a visão de cima não seria completamente infundado, a popularidade do sr. Bush também subiu depois do 11 de Setembro, convém lembrar. Não, o sr. Berlusconi continua a responsabilizar a ETA. Com base em quê? Ora, no facto dos supostos membros de uma tal Al-Qaeda serem beduínos e não terem capacidades para uma acção daquela envergadura. Então e o 11 de Setembro nos EUA? Bem, sempre podemos voltar ao facto do terrorismo interessar ao estado-não querendo cair na teoria da conspiração-desta maneira ou seria o governo ou seria o lobby judaico (não deixa de ser estranho numa cidade em que habitam tantos, em que tantos trabalham, que no 11 de Setembro nenhum judeu estivesse entre as vítimas), seria sempre um dos dois. Talvez o sr. Berlusconi quisesse dizer isso. Ou talvez... em vez de aviões a embaterem nas torres ele tenha visto camelos. Não, acho que não. Que se saiba nem o sr. Berlusconi, o sr. Sharon, o sr. Portas, ou o sr. Bush sabem voar.
Ricardo Marques