PARA ALÉM DA ALEGRIA HÁ VIDA E SOFRIMENTO
Anestesiado pelos cansaços vários, debaixo dos ecos sonoros do país em delírio... para além de toda a esperança em jogo.
Horas atrás, dois dias, duas noites, viagem pelas terras do interior desolado de todas as coisas, terceiro-mundista na maior parte das outras que existem, duas mulheres, um quarto barato numa terra desolada, tentar mostrar que existe um real nexo para fazer surgir flores de cimento em cima dos penhascos. Andando em torno de um percurso concreto, cismando sobre o abstracto, na noite insípida de cama pequena a olhar o tecto, descobri a verdadeira causa dos erros destes últimos meses-nunca hesites se és tu que tens o revólver na mão. Mas, agora, já nada disso interessa ou faz falta.
Adiante, e dois dias, e duas noites, e duas mulheres, e duas viagens, e duas as vezes que vi o velho que me lembrou o futuro que agora rejeito. Duas avestruzes raivosas a espreitar sobre a cerca, duas vezes a rebolar no penhasco, três cães de quinze centímetros, a pequena cobra d´ água, dois pés em cima do rio, duas respostas sem qualquer pergunta.
Duas noites, dois dias, duas horas, dois minutos, dois segundos.
O ancião que regressou, depois de “fugir à família”, olhou-me de alto a baixo e perguntou-me sorrindo: Você que sabe tudo diga-me lá uma coisa. O que é a mim a sogra da mulher do meu irmão?”
Meti uma moeda em promessa para a Senhora das Almas, voltei-me e vi o céu de amanhã.
RICARDO MENDONÇA MARQUES
Horas atrás, dois dias, duas noites, viagem pelas terras do interior desolado de todas as coisas, terceiro-mundista na maior parte das outras que existem, duas mulheres, um quarto barato numa terra desolada, tentar mostrar que existe um real nexo para fazer surgir flores de cimento em cima dos penhascos. Andando em torno de um percurso concreto, cismando sobre o abstracto, na noite insípida de cama pequena a olhar o tecto, descobri a verdadeira causa dos erros destes últimos meses-nunca hesites se és tu que tens o revólver na mão. Mas, agora, já nada disso interessa ou faz falta.
Adiante, e dois dias, e duas noites, e duas mulheres, e duas viagens, e duas as vezes que vi o velho que me lembrou o futuro que agora rejeito. Duas avestruzes raivosas a espreitar sobre a cerca, duas vezes a rebolar no penhasco, três cães de quinze centímetros, a pequena cobra d´ água, dois pés em cima do rio, duas respostas sem qualquer pergunta.
Duas noites, dois dias, duas horas, dois minutos, dois segundos.
O ancião que regressou, depois de “fugir à família”, olhou-me de alto a baixo e perguntou-me sorrindo: Você que sabe tudo diga-me lá uma coisa. O que é a mim a sogra da mulher do meu irmão?”
Meti uma moeda em promessa para a Senhora das Almas, voltei-me e vi o céu de amanhã.
RICARDO MENDONÇA MARQUES